Descoberta reforça que a diversidade de dinossauros no Norte da África pode ter sido maior do que se imaginava
Uma nova espécie de dinossauro carnívoro, batizada de Tameryraptor markgrafi, foi identificada a partir de fotografias de fósseis que haviam sido destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. O estudo, publicado na revista científica PLOS One, revelou que o animal viveu há cerca de 95 milhões de anos na região que hoje corresponde ao Egito e possuía cerca de 10 metros de comprimento, sendo um dos maiores predadores terrestres já registrados.
Os fósseis, descobertos originalmente em 1914 no oásis de Bahariya, no deserto ocidental do Egito, foram coletados por Richard Markgraf, um renomado coletor de fósseis da época. Após a descoberta, os restos do dinossauro foram enviados para a Coleção Estatal Bávara de Paleontologia e Geologia (BSPG), na Alemanha, onde permaneceram até 1944, quando o prédio foi destruído em um ataque aéreo durante a Segunda Guerra Mundial. Com isso, os fósseis foram considerados perdidos para a ciência.
O caso teve um desdobramento inesperado recentemente, quando pesquisadores encontraram fotografias inéditas dos fósseis no Arquivo Huene, da Universidade de Tübingen, na Alemanha. As imagens, registradas na década de 1940, mostravam os fósseis em exposição antes da destruição. Na época, acreditava-se que eles pertenciam a um dinossauro do gênero Carcharodontosaurus, caracterizado por fósseis descobertos em outras regiões do Norte da África.
Após uma análise detalhada das fotos, cruzando informações com descrições e ilustrações deixadas pelo paleontólogo Ernst Stromer, responsável pela classificação inicial, os cientistas perceberam diferenças significativas entre os fósseis de Bahariya e os demais Carcharodontosaurus. Entre as características que chamaram a atenção estavam um chifre proeminente e uma região frontal do cérebro ampliada, ausentes em exemplares conhecidos do gênero.
"A princípio, fiquei um pouco confuso quando encontramos as novas fotos, e depois fiquei super animado", explicou Maximilian Kellermann, doutorando no BSPG e autor principal do estudo, em entrevista ao Live Science. "Quanto mais examinávamos as fotos, mais diferenças encontrávamos."
Diante das evidências, os pesquisadores determinaram que o dinossauro representava um gênero e espécie distintos. O nome escolhido para o animal, Tameryraptor markgrafi, é uma homenagem à antiga denominação egípcia "Ta-Mery", que significa "terra prometida", combinado com "raptor", do latim "ladrão". O epíteto específico, markgrafi, reconhece Richard Markgraf por sua contribuição à paleontologia.
A decisão de introduzir um novo gênero de dinossauro com base apenas em fotografias e descrições históricas é incomum, mas os autores do estudo justificaram o caso como uma exceção devido à riqueza das evidências disponíveis. Segundo o estudo, a descoberta reforça que a diversidade de dinossauros no Norte da África pode ter sido maior do que se imaginava.
Há indícios de que espécies como Deltadromeus e Spinosaurus, encontradas tanto no Egito quanto no Marrocos, também possam revelar diferenças significativas caso os registros fósseis antigos sejam revisados com mais rigor. "Acredito que outras espécies possam ser redescobertas se dedicarmos tempo para analisar os textos e arquivos antigos de Stromer", acrescentou Kellermann.
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