Jurassic World Dominion é o filme mais caro da história.



O custo de produção dos dois filmes mais recentes da franquia Jurassic World disparou para US$ 1,1 bilhão (£885,6 milhões), segundo documentos recentemente apresentados pela Universal Pictures.


Essa gastança monstruosa inclui US$ 583,9 milhões (£453,6 milhões) gastos em Jurassic World: Domínio, tornando-o o filme mais caro de todos os tempos. O longa de 2022 superou por pouco o recordista anterior, Star Wars: O Despertar da Força, que custou £452 milhões para ser produzido.


Domínio encerrou a trilogia Jurassic World da Universal e reuniu o trio de estrelas que deu início à franquia dos dinossauros reanimados em 1993. Laura Dern, Jeff Goldblum e Sam Neill retornaram para se juntar a Bryce Dallas Howard e Chris Pratt, protagonistas dos filmes mais recentes. Esse reencontro não saiu barato.


Além de altos cachês, o filme teve um custo elevado com efeitos visuais. As gravações aconteceram no auge da pandemia, em 2020, o que exigiu que o elenco ficasse em quarentena por cinco meses no luxuoso hotel Langley, enquanto filmavam nos estúdios Pinewood, no Reino Unido.


O Langley era uma antiga mansão do terceiro Duque de Marlborough, e seus quartos custam mais de US$ 600 por noite. Tudo isso se somou ao orçamento final.


Nenhum outro filme individual teve custos tão altos divulgados em registros públicos. Vingadores: Ultimato e Guerra Infinita juntos custaram US$ 1,3 bilhão (£1 bilhão), mas como foram produzidos pela mesma subsidiária da Disney, não é possível saber quanto cada um custou separadamente.


Já Domínio e seu antecessor, Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), foram feitos por empresas diferentes controladas pela Universal, o que permite um olhar mais preciso sobre seus custos.


Nos Estados Unidos, os custos de filmes são normalmente mantidos em sigilo, pois os estúdios somam as despesas de todas as produções nos relatórios financeiros, sem detalhar o valor de cada título. No Reino Unido, é diferente: o governo oferece reembolso de até 25,5% dos gastos feitos no país, desde que pelo menos 10% do total tenha sido desembolsado lá.


Para comprovar isso ao governo britânico, os estúdios criam subsidiárias específicas para cada filme feito no país. Essas empresas são obrigadas a apresentar demonstrativos financeiros que revelam desde número de funcionários, salários e encargos sociais até o custo total da produção.


A Universal não comentou oficialmente, mas seus relatórios dizem tudo. É preciso um pouco de trabalho investigativo, já que essas empresas usam nomes de código para não chamar atenção dos fãs ao solicitar licenças de filmagem.


Domínio foi produzido pela Arcadia Pictures, nome inspirado no navio de resgate dos dinossauros em Reino Ameaçado. Este último foi feito pela empresa Ancient Futures, uma referência ao processo de clonagem dos dinossauros.


Os relatórios financeiros são entregues em etapas, desde a pré-produção até bem depois da estreia, para garantir que todos os custos e receitas tenham sido registrados. Por isso, a Arcadia só apresentou seu relatório de 2023 no fim do ano passado.


Os dados mostram que os custos da empresa aumentaram US$ 96,1 milhões (£75,5 milhões) em 2023, totalizando US$ 583,9 milhões (£453,6 milhões). A Ancient Futures também segue com gastos, com seus relatórios mais recentes indicando um total de US$ 555,4 milhões (£432 milhões). Juntas, as duas somam US$ 1,1 bilhão.


Mas ainda tem mais: conforme revelado recentemente pelo autor no jornal The Guardian, Domínio recebeu um reembolso recorde de US$ 114,8 milhões (£89,1 milhões) — o maior já pago a um único filme desde a criação do incentivo fiscal britânico, em 2007. O filme também recebeu US$ 3,7 milhões (£2,8 milhões) pelo programa de retenção de empregos durante a pandemia no Reino Unido, reduzindo seu custo líquido para US$ 465,4 milhões (£361,7 milhões).


Reino Ameaçado teve um reembolso um pouco menor, de US$ 90,9 milhões (£70,7 milhões), o que reduziu seu custo líquido para US$ 464,5 milhões (£361,3 milhões). E então vêm as bilheterias.


Segundo o Box Office Mojo, Domínio arrecadou US$ 1 bilhão, e Reino Ameaçado, US$ 1,3 bilhão. Mas a Universal não ficou com tudo isso.


Os cinemas pagam aos estúdios uma “taxa de aluguel”, e segundo estudo do consultor Stephen Follows, que entrevistou 1.235 profissionais da indústria em 2014, os cinemas ficam, em média, com 49% da arrecadação.


Isso sustenta a divisão 50/50 amplamente aceita, o que daria à Universal cerca de US$ 500 milhões de Domínio e US$ 650 milhões de Reino Ameaçado.


Descontando os custos líquidos, a Universal teve um lucro de US$ 34,6 milhões com Domínio e US$ 185,5 milhões com Reino Ameaçado — e isso só nas bilheterias, sem contar vendas de produtos ou mídia doméstica. Também não estão incluídos os gastos com marketing, que são pagos pelo estúdio.


Os filmes Jurassic World foram um verdadeiro bilhete premiado para a Universal, mas talvez o maior beneficiado tenha sido o próprio Reino Unido. Dados do British Film Institute (BFI) mostram que, em 2019, cada US$ 1,33 (£1) reembolsado gerou US$ 11 (£8,30) em valor agregado à economia britânica.


Esses incentivos ajudaram a gerar US$ 10,2 bilhões (£7,7 bilhões) de valor econômico em 2019. Entre 2017 e 2019, os incentivos resultaram em um retorno recorde de US$ 18 bilhões (£13,5 bilhões) e criaram mais empregos do que nunca.


Além da equipe de produção, os estúdios contratam serviços como segurança, aluguel de equipamentos, transporte e alimentação. Em 2019, isso resultou na criação de 49.845 empregos em Londres e 19.085 no restante do Reino Unido.


É uma situação ganha-ganha para o estúdio e para o Reino Unido, o que explica por que a Universal voltou ao país para filmar Jurassic World: Rebirth, que estreia em julho. A produtora ainda não divulgou dados financeiros, então resta saber se o novo filme quebrará o recorde de seus antecessores.


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